1 de maio de 2010

Muito entretenimento, mas nenhuma informação


Uma das emissoras rádios com maior índice de audiência dos Campos Gerais – Rádio Vila Velha, Mix FM 94.7 - possui como vinheta “Toda rádio é igual. A Mix é diferente”. A frase, que serviria para enfatizar que a rádio não toca música sertaneja como a maioria das emissoras princesinas, também pode ser analisada com outra perspectiva. Já que é a única rádio de Ponta Grossa que não tem programação jornalística.Como veículo de comunicação e por representar alta audiência, a Mix poderia utilizar o espaço que possui para transmitir notícias de interesse do público pontagrossense.
Toda a programação da Mix de Ponta Grossa é a mesma de sua sede, situada em São Paulo. Seria interessante que a rádio possuísse uma programação ou pelo menos programas próprios, mais voltados para o interesse do público local.


A rádio é constituída basicamente por programas musicais, que procuram atender (quase) todas as preferências musicais, talvez, exceto ao estilo sertanejo. Dentre os programas do gênero está o ‘Top Mix’, que toca músicas mais pedidas pelo ouvinte; o ‘Baú da Mix’, que toca canções antigas; o ‘Acústico Mix’, voltado para músicas acústicas e o ‘No Break’ que, sem intervalo, toca duas horas de estilos variados. Além destes, há o ‘Cadeira Elétrica’, que é baseado em perguntas e prêmios. Por último, ‘A hora do Mução’, trata-se de um programa que poderia ser humorístico, já que é feito a partir de um “trote” telefônico solicitado por um dos ouvintes. No entanto, Mução acaba aborrecendo a “vítima” do trote, já que nem todas as pessoas enxergam a pegadinha de forma positiva e engrada.
Embora a rádio Mix não tenha programas relacionados ao jornalismo, possui muitos voltados ao entretenimento, principalmente aos que atendem aos interesses dos jovens.

Rafaela Mendes Silva

Serviço:
Rádio Vila Velha
Mix FM 94.7
http://mixfm.uol.com.br/

Três Letrinhas que mudaram uma vida: HIV




Valéria Piassa Polizzi uma jovem de 16 anos depara-se com um problema desesperador: contrai AIDS. O fato ocorre na década de 1980, numa sociedade que ainda não aceitava a doença e não tinha preparo médico para tratá-la. A adolescente, que sempre fora bem recebida em todos os locais, decide fazer um intercâmbio nos Estados Unidos.

Filha de pais ricos, boa aparência, roupas compatíveis com sua classe social. Mas o que as pessoas fariam se soubessem que ela era soropositiva? Nessa autobiografia, o leitor encontra um relato (emocionante e pedagógico) sobre uma jovem que enfrenta os desafios da vida, vence os preconceitos impostos pela sua situação e mostra questões do cotidiano juvenil: sexo, namoro, festas, amizades, personalidade, influências e dúvidas.
Apesar da linguagem coloquial, já que o livro é destinado à juventude, a autora consegue prender o leitor do começo ao fim da obra com bom humor e descontração. De início, o leitor se depara com uma das cenas mais fortes do enredo, quando Valéria perde a virgindade e, sem proteção, torna-se HIV. Pode-se notar o modo direto de escrever da autora: "[...] acontece que eu era virgem e nunca usei drogas. O que aconteceu então? É simples, transei sem camisinha".


Um livro simples, que passaria despercebido. Mas que merece ser lido, mesmo pelo fato da publicação ter sido em 2003 ainda trata de assuntos atuais. Uma ótima leitura de conscientização comportamental.

Juliana Spinardi

Serviço:
Editora: Ática
Autor: VALERIA PIASSA POLIZZI
Origem: Nacional
Ano: 2003
Edição: 19
Formato: Médio
Preço: R$ 36,90

Onde comprar: http://www.atica.com.br/catalogo/?i=850808742X

30 de abril de 2010

Seria uma solução para a falta de críticas?

Nos Campos Gerais há uma carência de um periódico designado ao ramo literário. Observa-se nos diários princesinos que não há notícias nesse ramo da literatura, apenas informações a respeito das obras mais vendidas nas livrarias de Ponta Grossa. O Rascunho era um jornal que exercia essa função. Um jornal dedicado à literatura, desde críticas, resenhas e informações das obras nacionais.


O Rascunho é produzido em Curitiba e alcança 12 mil leitores do Brasil inteiro, contando com a participação de colaboradores e colunistas variados e de diversas regiões do país e do exterior. Porém o jornal não é mais encontrado nas livrarias e bancas de Ponta Grossa, onde era distribuído gratuitamente desde o começo desse ano.


Criado em 2000 pelo seu atual diretor Rogério Pereira, o jornal é polêmico uma vez que tem como objetivo estimular a leitura de obras nacionais e a crítica literária em seus leitores. O Rascunho, que completou 10 anos mês passado, traz uma forma diferenciada na abordagem em seus textos e oferece também serviços culturais. Um jornal desse aspecto faz falta em Ponta Grossa, principalmente para os apreciadores da literatura brasileira, por isso sua “volta” à cidade seria um bom incentivo a cultura.

Luan Azevedo

Serviços:

O Rascunho tem 32 páginas, dividido em quatro cadernos, e é publicado em edições mensais.

Pode ser assinado através do site www.rascunho.rpc.com.br pelo valor de R$ 60 a anuidade.

Sua distribuição é gratuita, e não foram encontrado pontos de distribuição em Ponta Grossa. Há algum atrás eram encontradas algumas edições na Livraria Verbo Megastore no Shopping Palladium.

O Jornal conta com 13 colunistas, espaço de entrevistas e promove eventos de discussão das obras.

Endereço: Al. Dr. Carlos de Carvalho, 655 - cj. 1205.

Telefone:(41)3019-0498

= Agenda Cultural =

01 de maio - sábado
II Confraternização de Educação Física- Bacharelado
E daí... comé que faz? Festa Open Bar
Local: Chácara do Colégio Sant'Ana
Horário: 13h e 05 min
Ingressos: Acadêmicos do curso de Educ. Física
Valores: R$12,00 mulheres e R$15,00 homens
Postos de Vendas: Mundi FM e Mercadomóveos
Shows com o Grupo Curtição e a dupla Gilberto Taques e Eduardo

01 de maio - sábado
Festival Paranaense de Rimas
Local: Centro de Cultura de Ponta Grossa
Inscrições: R$10,00
Atrações: duelo de Mc's e CDG
Juri composto por Criolo Doido, Dom Negrone e WMC
Ingressos: R$ 2,00 e ganha um CD

01 de maio - sábado
Disco.NNECT – Play eletrônica
Local: Play Acoustic Bar- Rua Balduíno Taques, 202
Atrações: Adriano Prestes, Gabi Lima, Middletoyz e Staphan
Ingresso: R$10,00 mulheres e R$15,00 homens

De 03 a 05 de maio
“Palco Móvel” do Projeto Conexão Cultural Tigre- ICRE
Local: Sede da Secretaria de Esporte e Cultura

3 de maio - Segunda
Horário:
13h30 às 15 h- Articulação Cultural espetáculo “ O Misterioso Sumiço de Boi Mamão”
15h30 às 17h- Olga Romero espetáculo “ Maria das Cores”
19h00 às 21h00 - Exibição do filme: “ O Menino da Porteira”

4 de maio – Terça
Horário:
08 às 10h - Articulação Cultural espetáculo “O Misterioso Sumiço de Boi de Mamão”
10h30 às 11h - Olga Romero espetáculo “Maria das Cores”
13h30 às 15h - Articulação Cultural espetáculo “O Misterioso Sumiço do Boi de Mamão”; 15h30 às 17h - Espetáculo “Maria das Cores”
19h às 21h - Exibição do filme “Deus é Brasileiro”

5 de maio - Quarta
Horário:
8h às 10h - Articulação Cultural espetáculo “O Misterioso Sumiço de Boi de Mamão”
10h30 às 11h - Olga Romero espetáculo “Maria das Cores”
13h30 às 15h - Articulação Cultural espetáculo “O Misterioso Sumiço do Boi de Mamão”; 15h30 às 17h - espetáculo “Maria das Cores”.

7 de maio - sexta
Show Ivete Sangalo
Local: Centro de Eventos de Ponta Grossa
Shows: Fuja Lourdes, Léo e Giba
Ingressos: R$ 46,00 (inteira) e R$ 23,00 (meia entrada)
Postos de Venda: Fomp Informática, Mundi FM
Telefone para informações: (42) 3219-0240

Letícia Cabral

Muito mais que crítica

Estamos evoluindo a cada edição a passos comedidos e estudados. Mas está na hora de exigirmos mais. Sem desafios, não há limites para serem transpostos. Algumas das imagens usadas para ilustrar as editorias parecem ter sido feitas com relaxo e preguiça. Imagem também é informação e, bem feitas, colaboram com o conteúdo no texto.


Nas editoria Entre Linhas fotos de jornais em cima de mesas, camas, da internet, de scanner, já foram feitas e refeitas. Por que não inovar? Ao menos uma mão segurando o jornal já mudaria o padrão das fotos. Outra questão que gera duvidas é o produto da crítica ser o jornal laboratório do curso de jornalismo. Essas análises já foram feitas por professores em sala de aula e apenas relatadas pelo autor no blog.


Na editoria outros giros, a autora comenta que os dois bares são frequentados pelos universitários, mas a foto mostra os bares fechados e não há ninguém nem sequer tomando a 'cervejinha do boteco'. A autora também não cita quantas pessoas vão ao lugar durante a semana e quanto isso dobra na quinta-feira (dia de pico), como funciona o atendimento aos clientes. E a crítica praticamente não existe, é apenas uma descrição do local e do que acontece.


Na editoria Projetor nota-se uma evolução. Enfim, estamos abandonando a sinopse e começando a analisar o filme, apesar da crítica acanhada que a autora fez. Vale ressaltar que não é obrigatório a família assistir e gostar de filmes de aventura com os excessos que a autora citou. Uma opção para essa editoria, é criticar filmes que serão exibidos. Com o auxílio da agenda cultural, a autora poderia ter visto antecipadamente 'Gabriela Cravo e Canela' ou 'Se eu Fosse você 2' (o último encontra-se em qualquer locadora) e feito a crítica. Seria uma opção de serviço e daria tempo do leitor ver a crítica e interessar-se pelo filme.


Amanda Cruz

28 de abril de 2010

Ação e alienígenas para a família


Com uma mistura de aventura, ação e comédia, o longa-metragem da Walt Disney, ‘A Montanha Enfeitiçada’ apresenta um motorista de táxi que tem a vida transformada ao conhecer dois irmãos vindos de outro planeta e donos de poderes sobrenaturais. Juntos, eles passam a correr da perseguição de alienígenas que desejam utilizar os poderes dos adolescentes para o mal.


Além da procura por sua nave espacial, os dois jovens buscam informações sobre a Terra que possam salvar o planeta da destruição pelos próprios habitantes. Essa é a mensagem (principal) que o filme transmite aos espectadores.

Por ser uma produção do gênero aventura, o filme é carregado de efeitos especiais nas cenas de ação, como pode ser notado quando Seth (Alexander Ludwig) pára um carro com próprio corpo. A música tema se repete várias vezes durante o filme, o que acaba sendo cansativo. Outro clichê dos roteiros de aventura que pode ser identificado são os gritos dos personagens presentes em todas as cenas que remetem ao gênero. Entretanto, por ser uma película feita para a família, os exageros são aceitáveis.

‘A Montanha Enfeitiçada’ (2009) faz parte do projeto Rede Estadual de Cinema (REC) e foi exibido no domingo, 18/04, no Cine-Teatro Ópera, centro de Ponta Grossa, às 15h com entrada livre


Ana Cláudia Massambani



Serviço


Filme: “A montanha enfeitiçada”

Direção: Andy Fickman

Gênero: Aventura

Roteiro: Alexander Key (romance), Mark Bomback (roteiro), Matt Lopez (argumento e roteiro)

Elenco: Dwayne Johnson, Anna Sophia Robb, Alexander Ludwig, Carla Gugino, Ciarán Hinds, Cheech Marin

Duração: 98 min.

Local : Cine-Teatro Ópera - Auditório A

Horário: 15h

Dia da exibição: 18/04

Ingressos: Entrada franca

Classificação: 10 anos

Fotos: Divulgação

Trailer disponível em: http://disneydvd.disney.go.com/race-to-witch-mountain.html

27 de abril de 2010

Febre Amarela em Ponta Grossa




Um bar chamado “Amarelo” ou “Amarelinho” não é novidade em lugar algum. Ainda mais em cidades universitárias, que são rodeadas de bares e restaurantes e que são o destino certo da maioria dos alunos depois das aulas, ou até mesmo antes do término escolar.

Em Ponta Grossa não podia ser diferente. Em frente ao campus Uvaranas da UEPG, há dois bares, um ao lado do outro, o Amarelo e o Amarelinho. À primeira vista parecem ser apenas simples botecos, onde as pessoas sentam-se para tomar uma cerveja, jogar sinuca e conversar sobre a vida. Na verdade, eles são isso mesmo. Porém, de todos os bares e restaurantes presentes em volta do campus, estes são os que possuem maior movimento de clientes e são conhecidos em toda cidade, talvez em toda a região.


Os “Amarelos” funcionam de segunda à sexta-feira e se engana quem pensa que o movimento maior é no último dia útil da semana. Na quinta-feira, a presença de clientes em ambos ultrapassa a dos outros dias. E o público, em sua maioria de universitários, é visto com suas bolsas, mochilas e jalecos por saírem de suas aulas com destino certo.

Eventualmente, os proprietários contratam músicos para animar a noite dos clientes. Porém, mesmo quando não há músicos contratados, os amadores veem ali uma chance de mostrar suas habilidades. É comum encontrar pessoas em suas mesas com violões e/ou pandeiros animando o ambiente. A diversão não teria hora para acabar, se dependesse apenas dos frequentadores, mas não pode ir muito longe na noite, pois há residências nas proximidades e pessoas que precisam trabalhar ou estudar no dia seguinte.


Para os moradores de Uvaranas, ou para aqueles que estão de passagem por lá, Amarelo e Amarelinho são opções para quem quer relaxar depois de um longe de dia de estudo ou trabalho.


Raísa Jorge


Serviço


Endereços

Bar e Restaurante Amarelo: Avenida General Carlos Cavalcanti, 5001

Bar e Lanchonete Amarelinho: Avenida General Carlos Cavalcanti, 5005


Horários de funcionamento

Amarelo: Segunda à sexta-feira a partir das 11h (servem almoço)

Amarelinho: Segunda à sexta-feira a partir das 16h

26 de abril de 2010

“Dissonantes” de volta num único show nos Campos Gerais





Quando se fala nas opções musicais em Ponta Grossa, o cenário encontrado, geralmente, é repetitivo. A banda curitibana “Dissonantes” fez uma apresentação no Empório Avenida, casa de shows no centro da cidade, dia 17 de abril, não fugindo desta “repetição” de estilo. Os Dissonantes definem-se “incluídos no rock n’ roll”, apesar de não gostarem de rótulos. Na estrada desde 2001, a banda voltou para uma apresentação única em Ponta Grossa, depois de quatro anos longe da cidade.

Com acervo de músicas próprias, Raphael Machado, Thiago Rosiak e Bruno Zotto conquistaram seu público. A ênfase no estilo iê iê iê dos “Beatles” traz um reconhecimento imediato por parte de quem os ouve. Apesar de terem algumas composições mais difundidas - como “Baby nunca mais”, “Amor retrô” e “Tua cara” - o repertório conhecido se limita a uma pequena parcela das pessoas do evento. Assim, a quantidade de músicas próprias torna cansativa a apresentação para os que desconheciam previamente a banda.

Na ocasião, cerca de 80 pessoas estiveram presentes, deixando com muito espaço vazio na noite do show. Além dos “Dissonantes”, três DJ’s e a banda “Casa 2!” participaram do evento.

O grupo subiu ao palco apenas às 2h30 da manhã, já com menos público que a primeira atração a se apresentar. Os “Dissonantes” demonstram domínio do palco e do repertório proposto.

Ana Carolina Miola

Serviço

Banda Dissonantes
Raphael Machado – Baixo/vocal
Thiago Rosiak – Guitarra/vocal
Bruno Zotto – Bateria

Contatos
Número para contato: (41) 8485-9985
Email: contato@dissonantes.com.br
Página virtual: www.myspace.com.br/dissonantes

Link da música Baby Nunca Mais: http://www.youtube.com/watch?v=BuC-4Lf9X5c

Fotos: Ana Carolina Miola

Por um jornalismo (de verdade) no rádio de PG

É comum em programas de caráter informativo de emissoras radiofônicas de Ponta Grossa fazer a leitura das capas de jornais e de portais da internet.


Como conseqüência, o público ouvinte tem acesso a uma informação limitada, já que as chamadas de capa, por si só, oferecem apenas uma parte da ideia principal da notícia. Isso faz com que os interessados no assunto tenham que buscar outros meios para ter acesso aos detalhes e complementos da informação.


No entanto, não tem como generalizar. Em algumas emissoras as principais matérias de jornais são lidas na íntegra, mas há um responsável – contratado ou estagiário – por produzir boletins para a própria rádio. É o caso da Rádio Sant’Ana, que apesar de fazer a leitura de manchetes, no programa matinal “Repórter Cidade”, apresenta também entrevistas ao vivo e informações enviadas pelas assessorias de instituições públicas, como Instituto Médico Legal (IML) e Corpo de Bombeiros. Outras emissoras de Ponta Grossa, como a Mix e a Jovem Pan, por exemplo, oferecem pouca ou nenhuma informação que tenha caráter jornalístico.


O que merece ser ressaltado é o fato de que a cidade possui duas escolas de Jornalismo e disponibilidade de profissionais aptos a fazer a apuração necessária e qualificar os programas jornalísticos das rádios, produzindo conteúdos próprios e exclusivos.

Dessa forma, seria possível garantir o compromisso de informar com propriedade e independência.

Michelle Ferrari Pavoni

Serviço:

Rádio Sant’Ana (900kHz AM)

Programa Repórter Cidade: Segunda à Sábado das 7h às 8h30

Apresentação: Alexandre Costa e Vitor Hugo Gonçalves

Rádio Mix (94,7 FM)

Rádio Jovem Pan (103,5 FM)

25 de abril de 2010

“Simplesmente, o Cheres”

É “dessa vontade de conhecer o mundo que nasceu no Cheres um fazedor de poesias”. Pela leitura de Amar não é preciso, pode-se encontrar em Luiz Fernando Cheres não apenas um “fazedor de poesias”, como se auto-define o autor do livro, mas um contista distinto ao habitual das produções literárias ponta-grossenses.

A começar pela estrutura da obra, o leitor se depara com um livro sem começo nem fim definidos. A poesia, iniciada em um lado do livro em “Amar Não é Preciso”, se encontra com a coletânea de contos iniciada na face oposta, em “Um Beijo Longe dos Lábios”. Por mais que “Amar Não é Preciso” chame mais à atenção, com fonte e ilustração mais evidentes, é do leitor a escolha de um início e final à leitura.

A poética do autor é simples na escrita, e desperta reflexões. Poemas e contos, em sua maioria curtos, se estendem ao imaginário, e deixam ao leitor a sensação de que há muito mais nos textos além do que está escrito. Como no poema I em “Quatro poemas perdidos”, uma das seis repartições de “Amar Não é Preciso”, no qual o autor metaforiza as pedras para mostrar que há mais por trás dos acontecimentos do que se poderia esperar. Esta é uma das possíveis interpretações.

Seus textos são carregados de uma sensualidade que se destaca mais na beleza do corpo humano, do que nas ações dos personagens. O tom erótico de alguns poemas e contos, como em “Sem Que Ninguém Veja”, onde palavras são usadas sem nenhum pudor, são características do autor. Aos mais acostumados a poemas clássicos, a escrita de Cheres pode causar certo choque. “... teu longo beijo/teu mar de sêmen/em língua de cão/mansa/molhada...”.

Os contos possuem caráter urbano, e por mais intimistas que sejam, retratam o sujeito da cidade, como no conto “Quando a Vida Continua”, e “O cheiro dele”, onde um trabalhador apodrecido internamente é devorado por abutres. Além disso, a religiosidade local é tratada de forma criativa em contos como “Corpo de Cristo” e “Luta Corporal”. “Outro dia chamaram o padre. Aí, ela recebeu a hóstia e - virgem do céu! -devolveu...Vomitou o corpo de Cristo!...”, diz o texto do conto “Corpo de Cristo”.

Érik Gasparetto


Serviço
Livro:
Amar Não é Preciso - Um Beijo Longe dos Lábios

Autor: Luiz Fernando Cheres

Editora: UEPG/PROEX, 2009. 174p.

Capa: A partir de Magritte, Os amantes, 1928

Fotos: Érik Gasparetto

Foca repaginado, mas ainda longe do esperado



A primeira edição de 2010 do Jornal laboratório impresso do curso de Jornalismo da UEPG, o Foca Livre, já está disponível à comunidade. Repaginado, tanto visual quanto editorialmente, este ano a proposta é fazer uma cobertura ampla dos fatos que envolvem a cidade, e não restrito apenas aos que se passam dentro da Universidade. Por ser um jornal laboratório, o fator experimental compõe a dinâmica de trabalho. E, por seu caráter mensal, o periódico busca trabalhar com maior profundidade os assuntos pautados.



O principal destaque de um jornal é a sua capa. Questiona-se nesta primeira edição o espaço ocupado pela fotografia principal na primeira página. Até mesmo o título da matéria fica em segundo plano. Isso ocorre porque a foto ocupa mais de 1/3 da primeira página. Outro ponto levantado é o demasiado uso da centralização no decorrer do jornal. Na editoria especial, o fator “cor” poderia ter sido explorado com maior profundidade. As charges trazem leveza à editoria, mas há uma massiva construção em blocos de textos, que por vezes levam o leitor a pensar que tudo não passa de uma ‘coisa só’.



Em destaque positivo estão as informações de interesse público transmitidas pelo jornal, como nas matérias “Atendimento odontológico de graça” e “Feira Verde incentiva melhorias na cidade”. Através de abordagens simples, os textos informam ações sociais importantes que ocorrem em Ponta Grossa. Há um longo caminho a ser percorrido até que tudo se ajuste, mas com o tempo provavelmente haverá mais surpresas positivas do que negativas ao longo de novas edições. Visto que, para a maioria dos estudantes, essa é a primeira experiência em produção, edição e construção de um jornal que se apresenta como experimental.


Giancarlo Biagini


Serviço

Foca Livre – Jornal laboratório dos alunos do 2º ano de Jornalismo da UEPG – Ano 18, nº 136 – Abril de 2010. Distribuição Gratuita.

Professores responsáveis: Paula Melani Rocha e Carlos Alberto de Souza.

E-mail: focalivre2010@gmail.com

Fotos: Giancarlo Biagini