16 de maio de 2009

O leitor pede explicações

É repetitivo, mas merece ser ressaltado. O ‘Crítica de Ponta’ chega à sua oitava semana de publicações e a estrutura dos textos apresentados no blog é cada vez melhor. O exercício semanal melhora nos alunos o potencial de analisar e interpretar os eventos da mídia dos Campos Gerais. Assim, as críticas produzidas tornaram-se menos generalizantes e bem direcionadas aos assuntos pautados.

Na semana, algumas seções pecaram na falta de esclarecimentos ao leitor. ‘Vitrola’ apresenta uma boa crítica da banda T.H.G.T., porém utiliza termos como rock ‘garageiro’ e ‘indie rock’, que mereceriam pequenas explicações de seus significados. O ‘Crítica de Ponta’ não aborda a temática específica de música, o que torna nosso leitor aberto a não compreender as expressões citadas. O autor teria o recurso dos parênteses para isso, como no caso da explicação do nome da banda. No texto, há a menção às composições próprias da banda, que são interpretadas como excelentes pelo crítico, caberia esclarecer os motivos que fazem delas “excelentes” no ponto de vista do autor.

Em contrapartida, a seção ‘Livro Aberto’ sintetiza bem a temática de ‘Ponta Grossa – Um século de vida (1823-1923)’, há informações suficientes para dar ao leitor do blog a ideia dos assuntos abordados pelo livro e de como ele pode se sentir ao ler a obra. As críticas apresentadas são pontuais e bem direcionadas. Porém, há dois momentos de confusão textual: “A partir daí, o livro destaca o porquê de se tornar um ponto de parada obrigatória para as tropas do extremo sul do País transportarem seus produtos para São Paulo e, especialmente, Minas Gerais”, o leitor entende o trecho como se o livro fosse o ponto de parada obrigatória para as tropas. Outro momento são as afirmações: “[...] para o município mais importante do interior do Paraná, em 1923” e “[...] fizeram com que Ponta Grossa se tornasse a cidade mais importante do Paraná em 1923”. Se fosse a cidade mais importante do Paraná em 1923, não precisaria dizer anteriormente que era a mais importante do interior. Em outra interpretação, o segundo trecho pode passar uma informação equivocada ao leitor do blog.

Destaca-se na semana a pauta escolhida para a seção ‘Em cena’, que inovou ao não criticar uma peça e sim, a estrutura de um teatro. O assunto também se encaixaria em ‘Outros Giros’, mas é válido pela criatividade de seleção, algo que buscamos nas pautas do ‘Crítica de Ponta’. O texto é bem estruturado e preza pela informação. As críticas são apresentadas de um ponto de vista interessante, mas a autora também deveria abordar os problemas ou melhorias da nova estrutura do Cine-Teatro Pax. Falta um esclarecimento ao leitor: quando o teatro foi vendido à Prefeitura de Ponta Grossa?


Felipe Liedmann

15 de maio de 2009

Uma 'pancada' sonora nos Campos Gerais



A banda ponta grossense T.H.G.T. (Tiny Hearts Great Think’s) mostra que o rock (pelo menos em Ponta Grossa) ainda tem salvação. A música do THGT mistura o peso do rock 'garageiro' e do pós punk do final dos anos 1970, mais a energia do 'indie rock' no início da década de 1990.



Criada em 2008, e com uma formação alterada no inicio de 2009, a Tiny Hearts Great Think’s (algo como pequenos corações, grandes pensamentos) conta com Cezar (bateria), Go (Baixo), Felipe (Guitarra) e Teco (Vocal e Guitarra), em sua formação atual.

A banda que tem suas músicas cantadas somente em inglês, conta em suas apresentações com versões de músicas de outros artistas do rock underground e possui composições próprias, tais como as excelentes Running Away e Mary Anne. Músicas essas que poderiam ser facilmente encontradas em discos de grandes bandas do rock alternativo, como Pixies ou Joy Division.

Se nas canções de estúdio o grupo esbanja competência, e mostra o quanto é preparado, ao vivo o resultado é muito maior. Nas diversas apresentações que a banda faz no município pode-se ver um público entusiasmado que, mesmo desconhecendo algumas músicas tocadas, se deixa levar pela sonoridade explosiva do grupo e pelo seu ritmo acelerado.



Um detalhe: não tente ouvir a banda buscando uma sonoridade radiofônica, letras pegajosas ou o velho estilo de uma banda pop. A T.H.G.T. não é acessível e nem pretende ser. Sua sonoridade é expressa em um universo barulhento onde a textura de guitarras distorcidas e uma bateria pesada é que ditam as regras.



Cleber Facchi


Serviço:

Banda T.H.G.T. (Tiny Hearts Great Think’s)

Membros: Cezar, Go, Felipe e Teco.

Ponta Grossa - Paraná

Site: http://www.myspace.com/thgtrockmusic

No orkut busque pela comunidade “T.H.G.T.” ou “Coletivo ALL MUSIC”

Fotos: Divulgação

O desleixo (público) de um Parque Municipal



A Chácara Dantas, como é conhecida pela população, ou Parque Municipal Margherita Sannini Masini, localiza-se próximo ao Hospital da Criança de Ponta Grossa, cerca de 1km do centro da cidade. No início do século XX o local era explorado por uma pedreira que foi desativada e, aos poucos, possibilitou o surgimento de uma grande vegetação.



O Parque, inaugurado no final de 1999, está completamente abandonado. Os sanitários foram depredados e não há condições de uso. As trilhas estão mal cuidadas e há troncos impedindo a passagem, com lixo espalhado pelo chão e nas nascentes, além da total ausência de policiamento e preservação do local.

Um lugar com exuberante vegetação, nascentes de águas subterrâneas, lagos e uma rica fauna, em um meio urbano, deveria ser um ótimo local de lazer, exercícios e educação ambiental. Mas o sentimento é de frustração pelo abandono e de receio, devido à inexistência de segurança pública.



O visitante que, hoje, chega ao local fica com algumas dúvidas sobre os motivos e justificativas que levam ao descaso público com a manutenção de um importante patrimônio (ambiental e cultural) ponta-grossense. Iniciativas de revitalização do Parque com certeza são muito bem-vindas e beneficiariam toda a população, promovendo mais lazer e educação, como projetos de integração das escolas com o parque ambiental, por exemplo.


Camila Engelbrecht


Serviços:

Localização do Parque: Final da Rua Nicolau Pierkarski Vila Estrela

Telefone do Parque: (42) 3901-1581

Horário de visitação: diariamente das 8h às 18h

Fotos: Camila Montagner

Uma história além da 'frieza' dos fatos


Ao ler “Ponta Grossa – Um século de vida(1823-1923)” a sensação é a mesma de passear pelo centro da cidade e avistar casas com arquitetura clássica. Sensação de estar caminhando no século passado.

O livro da professora Elisabete Alves Pinto, em parceria com a professora Maria Aparecida Cezar Gonçalves, mostra como Ponta Grossa passou rapidamente de Freguesia e Paróquia, então pertencente a Vila de Castro, para o município mais importante do interior do Paraná, em 1923.



Através de um estudo baseado em documentos oficiais, religiosos e civis, a obra ilustra uma cidade que se desenvolveu devido fundamentalmente ao seu potencial produtivo. O primeiro capítulo do livro destaca as condições do Bairro ponta-grossense, situado no Caminho do Viamão. A partir daí, o livro destaca o porquê de se tornar um ponto de parada obrigatória para as tropas do extremo sul do País transportarem seus produtos para São Paulo e, especialmente, Minas Gerais.

No segundo capítulo as autoras dedicam-se ao estudo das atividades econômicas da época. O trabalho aponta a pecuária como a primeira fonte de renda dos habitantes. Porém, com o crescimento populacional, logo a erva mate se torna a principal fonte de lucros do município. Oportuno observar, na época, a forma como a construção das estradas de ferro Paraná e São Paulo–Rio Grande do Sul afeta o desenvolvimento da cidade.

Contudo, a obra apresenta uma singularidade no modo de narrar os fatos. Ao contrário de muitos livros de história, 'Ponta Grossa – Um século de Vida' faz uma narração quente ao destacar os pioneiros do município, indicando as famílias que, por meio de empreendimentos comerciais e culturais, fizeram com que Ponta Grossa se tornasse a cidade mais importante do Paraná em 1923. Destaca-se, aí, o momento em que o livro dá voz a Epaminondas Holzmann, grande incentivador da música em Ponta Grossa.



No entanto, a última parte, dividida em 3 tópicos (População, Movimento Populacional e Imigrantes), carece da mesma narração “quente” (que marca boa parte do livro) e, com um excesso de tabelas, acaba caindo na frieza da indicadores e dados demográficos. O leitor encontra, ainda, alguns erros ortográficos na edição, mas nada que comprometa o conteúdo do texto.



Stiven de Souza


Serviços:

Título: Ponta Grossa – Um Século de Vida (1823 – 1923)

Autoras: Elizabete Alves Pinto e Maria Aparecida Cezar Gonçalves

Editora: Kugler Artes Gráficas Ltda

Ano: 1983

Onde encontrar: Biblioteca Central (UEPG), código: 981.62, P659

Fotos: Stiven de Souza

Distante do público





O Teatro Municipal Álvaro Augusto Cunha Rocha, mais conhecido como Cine-Teatro Pax, é hoje a casa de espetáculos da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Fundado na década de 1960, por Frei Elias Zulian, o Cine-Teatro Pax é o maior teatro da cidade e o primeiro a ter estilo modernista em Ponta Grossa.

Com a diminuição da frequência aos cinemas, associado ao advento da televisão, o Pax, que inicialmente pertencia à comunidade franciscana, registra queda de público em seus espetáculos. O prédio, então, é vendido à Prefeitura de Ponta Grossa e o Cine Pax se torna o Teatro Municipal da cidade. Porém, após a restauração do Cine-Teatro Ópera, o Pax fica abandonado pela administração municipal.



Em 2006, a UEPG negocia com a Prefeitura Municipal de Ponta Grossa a doação do Cine-Teatro Pax. A doação para a entidade acontece, assim, em 14 de agosto de 2006. No mesmo ano, o Pax passa por reformas e é entregue à comunidade universitária em março de 2008.

O Cine-Teatro Pax possui um auditório com 800 lugares. Após a revitalização, o teatro passa a contar com nova iluminação, reforma nos assentos, banheiros, palco, troca de pisos e revestimentos.

Porém, um fator que dificulta a participação da comunidade universitária ao teatro é a distância. Localizado no bairro de Oficinas, o Pax fica distante dos campi da UEPG (Central e Uvaranas). Os acadêmicos, que geralmente se concentram nos arredores da universidade, muitas vezes não têm locomoção própria para chegar ao Cine. Os alunos dependem assim de meios pagos para ir ao Pax, o que para alguns, é incomodo.



O Cine Pax abriga hoje eventos acadêmicos oficiais e solenidades, como atos de colação de grau, palestras, seminários e congressos. Além de eventos culturais da cidade como o Festival Nacional de Teatro (Fenata) e o “Auto de Natal”.


Carla Yarin


Serviço:
Cine-Teatro Pax
Rua Dr. Antônio Russo, 28 - Oficinas
CEP: 84045-020 Ponta Grossa - PR
Telefone: (042) 3223-4377/3229-1906
Responsável: PROEX/UEPG


Poesia em forma de documentário cinematográfico


O documentário ‘Nós que aqui estamos por vós esperamos’ (1998), de Marcelo Masagão, exibido no projeto ‘Tela Alternativa’ dia 12 de maio, no Cine-Teatro Ópera, se apresenta de uma maneira inovadora.



O filme é mais parecido com um poema do que propriamente com um documentário tradicional, que apresenta entrevistas e narrativas feitas com imagens próprias, pois é composto por fotos e cenas de arquivo. Masagão apresenta um produto (cinematográfico) em preto-e-branco, sobreposto com nomes, datas e frases, aludindo a pessoas que viveram no século XX e já morreram.

Para fazer jus à frase que abre o documentário, a proposta realmente apresenta “pequenas pessoas, grandes histórias; grandes pessoas, pequenas histórias”, ao relatar detalhes da vida de desconhecidos com a mesma ênfase dada às figuras de época. E, assim, mostra que, no final das contas, todos têm valor, independente de ser (publicamente) conhecidos ou não.



O diretor consegue amarrar alguns fatos que, aparentemente, não têm a menor ligação com outros. Um exemplo é o momento em que aparece a história de um alfaiate francês que queria voar, se jogando da Torre Eiffel, seguida das imagens da explosão do ônibus espacial Challenger. O principal limite do filme deve-se à apresentação de histórias de vida muito similares, deixandoo documentário repetitivo e cansativo.


Milena Rezende


Serviço:

Nós que aqui estamos, por vós esperamos

Direção: Marcelo Masagão

Duração: 73 minutos

Ano: 1998

Projeto Tela Alternativa

Local: Cine Teatro Ópera (Auditório B) – Rua VX de Novembro, 458

Entrada gratuita

O filme foi exibido no dia 12/05/2009. O projeto Tela Alternativa exibe filmes não comerciais, toda terça-feira.-, às 19:30 horas.

Coordenador do projeto Tela Alternativa: Antônio João Teixeira

Próximas atrações: Ônibus 174 – Direção de José Padilha (2002, 130 minutos) – dia /19/05. Jogo de cena - Direção de Eduardo Coutinho (2006, 107 minutos) – dia 26/05

Fotos: Divulgação

Um espaço que preza pelos leitores


O Espaço do Leitor. Esta é uma das seções que ocupa a página A4 do jornal 'Diário dos Campos'. Um exemplo de que fazer jornalismo é, antes de tudo, promover o debate. Escrevem, na seção, consultores ambientais, técnicos esportivos, professores, donas de casa, comerciantes ou estudantes, que debatem sobre os assuntos abordados no jornal. Em alguns casos, os leitores criticam o próprio diário, mas sempre apresentam outras leituras dos fatos que já foram apresentados no impresso.



Se você passar o olho pelos comentários, logo pode perceber que não se trata dos mesmos leitores que opinam sobre os mesmos assuntos. São diferentes leitores que, em geral, opinam sobre os mesmos assuntos, abordando temas que andam pelas periferias dos debates principais mas que nem por isso deixam de ser relevantes.

As cartas discutem os problemas da nova rodoviária, do projeto aterro sanitário, trazem à tona a falta de pavimentação das ruas (que, em muitos casos, passa “despercebido” ao lado do poder público) e o esquecimento de alguns bairros. Mas, às vezes, alguns comentários apenas expõe preocupações sociais como, por exemplo, o risco de crianças pedirem esmola entre os carros de um semáforo.



As indagações, os apontamentos e as sugestões colocam o leitor em outro patamar: deixa ser um simples receptor (passivo) e passa a expor, pela publicação no DC, o que pensa de uma determinada matéria. Ao escrever, o leitor coloca-se,assim, como um produtor de conhecimento.


Daniel Petroski


Serviço:

Jornal Diário dos Campos- R$: 1,75

Versão Online- www.diariodoscampos.com.br

Telefone: (42) 3220-7744

Fundador: Jacob Holzman

Proprietário: Wilson de Souza

Chefe de Redação: Neomil Macedo

E-mail Espaço do Leitor: editor@diariodoscampos.com.br

Foto: Daniel Petroski