10 de outubro de 2009

Sem Meias Palavras


Escolher temas para analisar nem sempre é fácil. Buscar entre diversos assuntos aquele que mereça um espaço é uma tarefa complicada para quem está aprendendo a lidar com a crítica, seja ela em qualquer área. Nesta edição semanal do blog Critica de Ponta, pode-se ver diversos assuntos interessantes, porém com abordagens que deixaram a desejar, pois percebe-se, em alguns casos, uma descrição textual. Os leitores não precisam saber com detalhes como o programa funciona ou o que o filme conta. Eles precisam de uma analise bem feita sobre toda a produção que está sendo descrita.


Apesar de ser um texto jornalístico, os críticos podem se soltar, demonstrar sensações. Isso torna o texto mais interessante, mas sem esquecer que tal avaliação precisa se basear em alguma coisa concreta, dando credibilidade a crítica. Escrever mais do que apenas aquilo que se vê ou escuta. Mostrar o porquê de um certo tema ser ou não interessante também faz parte da crítica. Seria o medo de errar que leva a repetir as mesmas falhas tão comentadas por outros colegas no Ombudsman... deixando o texto monótono e cansativo. Ousar nem sempre é ruim. Pode assustar, no principio, mas o diferente normalmente agrada.


A editoria Antena, por exemplo, poderia ter escolhido melhor o tema da crítica, pois em Ponta Grossa existem várias emissoras de rádio com programas direcionados à cidade. Ao relatar e criticar programas locais e, quem sabe pouco conhecidos, o crítico instiga o leitor a procurar tal programa. Ponta Grossa e região ainda têm muito a oferecer ao blog, é só saber procurar. Um texto que consegue instigar o leitor é o que trata da mansão Vila Hilda, pois questiona a coragem do leitor e fala de um assunto que algumas pessoas temem (as assombrações) e que fazem parte das lendas de Ponta Grossa.


É preciso cuidado ao dar mais importância a um ou outro membro de uma banda ou programa, como foi descrito no texto da editoria Projetor... não parece tão oportuno falar dos Beatles como a banda do Paul e do John, os demais integrantes, George e Ringo, podem ser também importantes para os fãs.


Juliana Cardoso

Um teatro com fundo de moral


Já pensou acordar e encontrar um roteiro de como será o seu dia? Essa é só uma das cinco histórias da peça Aperitivos, do grupo de teatro Pausa Companhia. Com cenário móvel, iluminação simples e figurinos extravagantes, os atores encenam textos da revelação do teatro norte-americano, Mark Harvey Levine.


Cada esquete (O Aluguel, Surpresa, Aperitivos, Superhero, Roteirizado) possui duração de aproximadamente 10 minutos, sendo que todas terminam com uma lição de moral. Questões como “vença seus limites”, “acredite em você” e “basta aprender a viver” são apresentadas a partir de situações do cotidiano.


O quadro mais confuso de todo o espetáculo é o titulado Aperitivos, que conta a história de duas pessoas que acabam de se conhecer, apesar de freqüentar há tempos a mesma balada, e tomam coragem para experimentar coisas novas. É difícil compreender o desenrolar dos fatos e até mesmo o desempenho dos atores, que parecem perdidos no palco. Em contrapartida, o ponto alto do espetáculo é a última esquete: Roteirizado. Questões de como valorizar a vida foram relatadas, fugindo do senso comum, e apresentando a alternativa de que devemos viver cada dia como se fosse extraordinário, e não buscando coisas inovadoras para viver.

O fato de cada história terminar com uma lição de moral torna o espetáculo cansativo. O público dá risada durante boa parte da peça e, de repente, é interrompido por questões moralistas. A idéia de simplesmente dar um aperitivo ao público foi atingida. Contudo, a tentativa de estimular o público a consumir vorazmente os aperitivos não obteve êxito.

Gabriel Sartini

Local: Cine Teatro Ópera

Data: 07 e 08 de outubro

Entrada franca

A apresentação faz parte do circuito SESI

Crédito das Fotos: Daniel Petroski

Opinião e notícia (num mesmo telejornal)


O telejornal apresentado pela emissora local TVM, canal 14 da cidade de Ponta Grossa, vai ao ar às 12 horas, levando ao público notícias da cidade. Ao contrário de outras emissoras, que tem um roteiro diferenciado de sua forma de apresentação, o programa TVM Revista, apresentado por Léo Passetti, em certas ocasiões, demonstra a opinião do apresentador.

Momentos depois da matéria ter ido ao ar, o apresentador faz um breve comentário sobre o assunto. Algumas vezes, as matérias se diferenciam das outras emissoras por utilizar do espaço que seria jornalístico para divulgar e realizar propaganda de clientes da TV, através de entrevistas.

Outro ponto do TVM Revista é a divulgação de matérias, envolvendo as mesmas pessoas, apesar de ser um telejornal diferenciado que leva ao telespectador problemas sociais da cidade. Em alguns momentos, o jornalista dá enfoque nas experiências pessoais, do dia-a-dia e que viram notícia.

Thiago Copla

Serviços:

Programa TVM Revista

Emissora: TVM

Canal 14 – emissora local

Apresentado pelo Jornalista Léo Passetti

Ao ar, de segunda à sexta as 12hs

Um filme para o público “beatlemaníaco”


Vários diretores como Richard Lester, George Dunning e Michael Lindsay-Hogg tentaram representar a trajetória de um beatle, em uma época beatle, em que a população inglesa e posteriormente mundial era/é beatle. Porém, nenhuma delas foi tão melosa, e inovadora no aspecto de usar as canções do grupo para um musical, quanto ao ‘Across the Universe’.


O filme transformou as músicas da banda do John e do Paul em melodia para história de um rapaz inglês que procura emprego na América e encontra uma jovem, que perdeu o namorado na guerra. O encontro não consegue se firmar como história principal, nem pelo fato dos personagens serem ‘o casal feliz para sempre’ da trama.

O roteiro é fraco por cair na rotina americana em reproduzir ‘o amor entre mocinho e mocinha’, que têm vidas paralelas, mas se encontram durante o filme e vivem um romance, no caso, na década de 1960, embalado pelos clásiccos dos Beatles, entre eles 'Don’t let me down','Girl, 'Black bird 'e I' wanna hold your hand'.


Durante os primeiros minutos do filme, dá para perceber as muitas histórias secundárias, mas que se cruzam quando um personagem encontra com outro, ou quando vão todos morar na casa de uma cantora, por exemplo. Além disso, as músicas se encaixam com as cenas, mas mesmo assim a trama fica perdida. Sem falar nos nomes dos personagens: Jude (Jim Sturgess, bom no sotaque britânico), escolhido com certeza para combinar com a música Hey Jude.

Da diretora Julie Taymor, lançado em 2007 (EUA), ‘Across the Universe’ tenta ser um musical, no entanto o que fica na memória são apenas as obras dos Beatles. Bom para relembrar as letras das músicas, até porque a maior audiência do filme são os fãs da banda ou, no mínimo, os “curtem o som”.


Isadora Camargo


Serviço:

Across the Universe, 2007 (EUA)

Gênero: Musical

Direção: Julie Taymor

Atores: Jim Sturgess , Joe Anderson , Dana Fuchs , Martin Luther , T.V. Carpio

Duração: 02 h 11 min

Atrevídeo: Rua Gal Cândido Rondon, nº 575, Ponta Grossa- PR , Tel: 42- 32276756

Entrevistas engraçadas marcam hora do almoço brasileiro


A Rádio Jovem Pan não é apenas conhecida pela ampla abrangência territorial, ou por tocar músicas de estilo rock, pop rock, seja nacional ou internacional. Além das promoções para os ouvintes e o repertório musical, a emissora também oferece o ‘Pânico’, programa de entretenimento registrado pela irreverência dos entrevistadores, onde o público pode fazer perguntas aos convidados através do telefone.


Desde 1993, o programa Pânico lidera a audiência na hora do almoço do brasileiro e investe no humor. A equipe é formada por Emílio Surita, Bola, Amanda, Silveirinha, Polvilho, Carioca e Christian Pior. E praticamente todos forjam um personagem para deixar as entrevistas mais apimentadas (como a Amanda que é a eterna ranzinza, ou o Carioca, sujeito com jeito malandro, descolado).

A lista de personalidades convidadas a participar do programa é a mais diversificada possível, desde ex-participantes de reality show, modelos, cantores, escritores, sexólogos, artistas, psicólogos, médicos, professores, entre outros. Todos os dias um ouvinte é escolhido para ser integrante.

O debate sempre gira em torno de algum tema do cotidiano. Fora as sátiras que os entrevistadores fazem ‘no ar’, algumas informações repercutem na sociedade, o que demonstra a relevância do que é discutido.

Gisele Manjurma

Fotos: Divulgação

Serviço:

Programa Pânico

De segunda a sexta-feira

Horário: das 12 às 14

Rádio Jovem Pan – Ponta Grossa

Frequência: 103,5 MHz

Site: www.paniconainterne.com.br
E-mail: panico@jovempanfm.com.br

Fotojornalismo sem inovação


No jornalismo impresso, uma das formas de chamar a atenção do leitor é a fotografia. Quando se trata de fotojornalismo, além de servir de atração à leitura do jornal, o essencial é trazer informações adicionais, mostrar a realidade no momento do acontecimento.

Nos dois jornais diários ponta-grossenses - Diário dos Campos e Jornal da Manhã - o que se vê no aspecto fotográfico é um excesso de repetição. No Jornal da Manhã, por exemplo, as fotos da capa geralmente são tiradas de um ângulo superior. As fotos posadas também são frequentes, o que é contrário à intenção do fotojornalismo.

As fotografias tiradas nas reuniões da Câmara Municipal também se repetem no que diz respeito ao enquadramento. Embora o espaço limitado não ofereça muitas opções, é preciso inovar para provocar curiosidade no leitor.


O destaque da semana foram as fotos que ilustram as reportagens de ambos os jornais, nas edições de quinta-feira, 8 de outubro, sobre o assassinato do empresário Hamilton Trivellato. No dia seguinte ao crime, os jornais trouxeram fotos na primeira dobra da página, que fica mais visível nas bancas, do empresário morto, o que pode ser interpretado como sensacionalismo. O Diário dos Campos traz na capa da mesma edição (dia 8-10) três fotografias com o tema violência.



O problema das fotografias dos jornais diários da cidade é a falta de experimentação. As fotos são de qualidade, porém a experiência dos fotógrafos, e o ritmo apressado do jornal diário, talvez os levem a ceder ao lugar-comum, resultando nas repetições.

Serviço:

Jornal da Manhã Preço: R$ 1,50

site: http://www.jmnews.com.br
Diário dos Campos R$: 1,75

site:
http://www.dcmais.com.br

Gisele Barão

Uma mansão nem tão assombrada


A maioria das cidades têm alguma construção antiga repleta de histórias e fatos fantásticos que envolvem sua existência. Sejam prédios abandonados ou casas antigas, tais espaços agregam inúmeros contos, muitos deles, fantasmagóricos casos de terror. A cidade de Ponta Grossa conta também com a sua “Mansão Mal-Assombrada” que, quando bem observada, não causa tanto medo assim.


É a Mansão Vila Hilda, situada na região central da cidade. A casa erguida em 1926 por Alberto Thielen ganhou esse nome em homenagem a esposa de seu criador, Hilda Thielen. O espaço que hoje é utilizado pela Secretaria de Cultura e Turismo do município é também palco de incontáveis histórias de terror fomentadas pelo imaginário popular. Entre as inúmeras versões dadas pelos habitantes locais, a mais recorrente é a de “espíritos” que aparecem nas fotos tiradas da mansão.

Vista de perto, não há nada com que se assustar. A mansão, que tem a visitação liberada ao público diariamente, conta com um amplo jardim na parte externa da construção. É um excelente espaço para quem quer relaxar durante uma visita, ou está somente de passagem pela região. Se tudo é grandioso por fora, na parte interna alguns aspectos desgastados da construção deixam a desejar. O teto conta com algumas rachaduras e infiltrações, o que compromete a estrutura da casa, além de prejudicar as paredes que são todas pintadas com desenhos tradicionais que retratam a região princesina.

Constantemente a Mansão Vila Hilda agrega exposições com pinturas de artistas locais, que são mais bem apreciadas graças ao silêncio que paira pelo ambiente. Se o lugar é assombrado ou não isso é de pouca importância, os aspectos da construção são muito mais atrativos. Mas uma coisa é certa: Você teria coragem de passar na frente da mansão durante a noite?

Cleber Facchi

Serviço:

Mansão Vila Hilda

Rua Júlia Vanderlei, 936. CEP: 84.010-170

Ponta Grossa – Paraná

Entrada Gratuita

Aberto de segunda à sexta das 8:00 às 17:00 horas

História e Cultura transformadas em crônicas


O Alfanje e o Centeio é um livro de literatura e, ao mesmo tempo, história. A temática apresentada por Josué Corrêa Fernandes aborda o processo de imigração eslava nos Campos Gerais. Todos os relatos são escritos a partir de crônicas que passam por cidades como Castro, Ponta Grossa e Ivaí.


A obra foi escrita a partir de dados documentados e de lembranças do próprio autor quando conviveu, durante a infância e juventude, com o processo de imigração ucraniana e polonesa na região.

Uma das grandes vantagens oferecidas é o conhecimento histórico a partir de fácil leitura. Isso ocorre porque as crônicas são escritas de forma acessível, para que todos compreendam o significado cultural da chegada dos eslavos na região. Em cada crônica, Josué aborda uma peculiaridade da imigração nos Campos Gerais, assim, a leitura se torna atrativa e divertida.

Entre os contos que se destacam está “Abrem-se as cortinas”, que aborda os aspectos da região antes da chegada dos eslavos. Já “Cerne e Tarumã” fala sobre os Campos Gerais e suas belezas naturais, destacando um dos principais atrativos para a chegada dos eslavos.

A obra retrata o processo de imigração na região e em todo o Paraná. As crônicas vão construindo, no decorrer do livro, a importância dos imigrantes para a formação da identidade local. Toda a obra se fundamenta de uma forma especial. São documentos e experiências do autor, transformadas em textos leves. De um modo atrativo, Josué transforma a história em cultura e parte da identidade dos Campos Gerais.

Guilherme Capello

Livro: O alfanje e o centeio – crônicas da imigração eslava

Autor: Josué Corrêa Fernandes

Editora: Gráfica Planeta LTDA

Ano: 2006

Rock mexicano apimenta o Ópera




Noite de terça-feira em Ponta Grossa e a banda Mexicali Latin Rock apresenta espetáculo musical com uma mistura de ritmos caribenhos, mexicanos e até espanhóis. A banda tem um ano e meio desde sua formação. Foram cinco meses de ensaio para show de gravação de Dvd no Cine Teatro Ópera. O público, pode-se dizer, foi satisfatório, com aproximadamente 300 pessoas.

Certamente havia a expectativa de como um grupo de músicos conseguiria englobar tantos ritmos musicais distintos. Logo no início percebe-se a execução de músicas relativamente conhecidas para cativar o público. Há a tentativa de tocar músicas do Maná, Carlos Santana, versões em espanhol de sucessos do Scorpions(Wind Of Change) e Bon Jovi(Bed Of Roses).

Apenas uma música própria em quase duas horas de espetáculo passa ao público a impressão de ser uma banda cover, própria para eventos de gala. O vocalista Fernando Munhoz ressalta que, para chamar o público e tornar a banda conhecida, é preciso inserir músicas próprias de forma gradual.

O nome da banda é fiel ao estilo das músicas, mais tendenciosas ao rock mexicano, com poucos momentos de músicas no estilo cubano. Os instrumentos de sopro são o ponto forte da banda, mas há maior destaque para as guitarras e a percussão. A tal mistura de ritmos anunciada pelo locutor antes do show se dá apenas em casos isolados, o que pode frustrar, por exemplo, quem não conhecesse o Maná(banda mexicana), que teve cinco músicas tocadas.


Serviço:

Promoção- APLA- Academia Pontagrossense de Letras e Artes
Local: Cine-Teatro Ópera – Auditório A

Dia: Terça-feira, 6 de Outubro
Horário: 20h
Ingressos: R$ 5,00 (Preço promocional único)
Classificação: Livre

Ficha técnica: Adriano Smolareck- Baterista; Sergio Waldmann Júnior- Guitarrista; Rodrigo Ferreira- Guitarra Base/ Percussão; Rafael Kedrovski- Tecladista; Cristopher Margraf – Baixista


Cristhiano Correia

5 de outubro de 2009

Vamos explorar as ideias?



As ideias do blog têm surpreendido cada vez mais. As editorias estão sendo compostas semanalmente por temas interessantes e que também representam novidade para os leitores, pois têm se mostrado diferente das coberturas da mídia local quanto à crítica de espaços culturais. O texto “No jornalismo, o trivial (também) não seduz” confirma a falta de espaço para cultura nos impressos, porém a utilização de períodos longos na redação exige fôlego do leitor.

O texto da editoria vitrola - Tem ‘coisa’ nova no pedaço - começou bem, mas se aproximou da publicidade, apesar de críticas positivas serem construtivas por estimularem, no caso, a banda. O mesmo ocorre em “Uma tarde no embalo dos anos 1950”, que segue a mesma perspectiva propagandística no lugar da crítica, pois parece estar promovendo o local e não criticando, além de ser descritivo demais. Na propaganda as informações não deixam de ser verdadeiras, mas a intenção principal é atrair o público ao local, ao produto. A crítica construtiva é a que exerce o papel de cidadania, de serviço público e que faz a ponte entre os produtos e o cotidiano do leitor.

Em Corpo Estranho 'Identificado', a crítica além de interessante expressa um problema que enfrentamos em Ponta Grossa. Já foi alvo de críticas e ainda vale lembrar que a editoria ‘Em cena’ sofre com a falta de produtos a serem criticados, devido à questão do baixo incentivo às produções teatrais na cidade. Assistir a peças teatrais pela internet, portanto, é uma alternativa.

As críticas do blog, apesar dos temas interessantes, muitas vezes deixam de contextualizar. Na edição anterior, o ombudsman recebeu um comentário de um leitor do Acre, o que demonstra que os leitores nem sempre estão familiarizados com a cidade de Ponta Grossa e sua realidade. Portanto, ao mediar, a contextualização se faz importante.

Camila Engelbrecht

4 de outubro de 2009

D.I.Y. Pontagrossense




“Você é Riot por quê?” É com essa pergunta que o programa SCRAPG, disponível em um canal do youtube, começa. Talvez as apresentadoras, Law,18, Ferg,14, a Alice,15, se considerem riot (movimento feminista que usava a música, principalmente o punk rock, como protesto) por fazerem o próprio programa. Daí elas sugam mais um termo do punk, o D.I.Y, que significa “faça você mesmo”.


Embora a iniciativa de produzir um programa na web seja interessante, a falta de prática em se expressar na frente da câmera (digital, no caso) afeta a qualidade do conteúdo. Em todos os programas são entrevistadas bandas da cidade, como a T.H.G.T. e o Joings. As perguntas são diretas e já feitas anteriormente, o que impede que aconteça um diálogo aproveitando a “deixa” dos entrevistados que, realmente, não são bem exploradas.

A imagem tem baixa qualidade devido à má iluminação de alguns locais onde são feitas as gravações. O áudio também fica comprometido quando todos tentam falar ao mesmo tempo.


A prática é a melhor forma de aprimorar o conteúdo e a desenvoltura das apresentadoras. Enquanto isso, o “faça você mesmo”, fica valendo para sair da mesmice dos programas jovens comuns na televisão, feitos por adultos. O SCRAPG é jovem para jovem.

Maria Fernanda Lievore

Serviço:

http://www.youtube.com/user/canalscrapg

Impressões, expressões e um homem no banheiro


O projeto 'Oficina Itinerante de Vídeo Tela Brasil' passou por Ponta Grossa em janeiro de 2008. Durante a oficina, um curta de dois minutos e meio, denominado Estilingue, foi idealizado, encenado, filmado e editado pelos alunos participantes. A produção, que conta a história de quatro garotos que querem descobrir quem é o homem que mora no banheiro da escola onde estudam, concorre ao prêmio especial “Governo do Rio – Na Tela da Favela”.


A história, pela curtíssima duração, é limitada e os atores são claramente amadores. Meninos que hesitam na hora das falas ou se expressam depressa demais. As roupas, o sotaque e o cenário são exagerados o suficiente para mostrar que a realidade supera a tentativa de ficção. E deixa claro que o filme foi produzido com o que eles possuíam naquele momento e lugar. O curta inicia com um aluno correndo para o banheiro, a porta se torna um desenho infantil, enquanto vozes sussurram e a tela se enche de rabiscos, aparentemente perturbadores. A impressão sobre a abertura é que ela é mais estilizada do que o resto da produção.

Os ângulos são a melhor parte do filme, onde um homem arrasta a perna, o corredor com paredes brancas e os pés de um menino correndo até dão a impressão de um filme menos amador – mas ainda longe do profissional.


Destaque para o jogo de câmera, onde o equipamento se aproxima o suficiente para que a tomada possa ser cortada e o personagem, trocado, revivendo um recurso pré-efeitos especiais. É o momento que demonstra a pretensão do filme de ser mais do que a oportunidade permitiu, a ideia vence a realidade e a própria vontade de ultrapassar as barreiras impostas pelo baixo orçamento e fazer algo ‘grandioso’. E é isso o que o espectador, sem saber da falta de recursos, consegue perceber ao assistir os poucos minutos de Estilingue.

Yana Fortuna

Serviço:

http://www.telabr.com.br/oficinas-itinerantes/2009/04/07/estilingue/

http://www.youtube.com/watch?v=ph5Fp3i6J-E&feature=player_embedded

Alunos realizadores: Alexandre Silva, Paula Schamne, Mariani Bandeira Oliveira, Silvia Cordeiro, Jean Guilherme, Andrey Junior Soares, Luciana Camilo, Alberto Korgut, Abel Oliveira, Alexsandro Gurski, Pamela Schamne, Renan Vinícius Soares, Tiago Rafael dos Anjos, Wallace Roberto dos Santos.
Realização:
Buriti Filmes e Associação Tela Brasil

No jornalismo, o trivial (também) não seduz




A falta de espaço para a crítica cultural é perceptível e lamentável nos dois jornais locais: 'Jornal da manhã' e 'Diário dos Campos'. O primeiro até tenta introduzir um espaço para a cultura, com a editoria intitulada 'Mix', mas não alcança êxito quando, na prática, só mostra as chamadas de eventos culturais. No JM, tem um espaço denominado PuB, destinado às notícias do projeto Cinearte.


O projeto local, que visa exibir filmes nacionais com debate a partir de uma crítica fundamentada em especialistas e é apoiado pelo próprio jornal, poderia ser facilmente abordado como tema para crítica de música em qualquer jornal da cidade, mas isso não acontece! O outro Jornal da cidade – Diário dos Campos - também não difere da mesma lógica no jornalismo cultural.

O Diário dos campos, com a editoria de variedades, tem uma pequena quantidade de notícias culturais e de crítica menos ainda. Fica claro aos leitores dos dois jornais locais que não há interesse na produção de crítica midiática no próprio espaço do impresso.


Um exemplo de modelo de crítica cultural que se aproxima de um caminho mais interessante ao leitor, de forma instigante, sem deixar de ser apenas informativo, é do jornal 'Gazeta do Povo'. O Caderno G, que é o espaço do referido impresso destinado à cultura, compreende matérias sobre cinema, música, culinária, artes visuais, com a contextualização dos eventos e não apenas a divulgação com as principais informações. É preciso, para além de um jornalismo cultural “feijão com arroz”, criar espaços propícios de crítica que façam a interação leitor e meio de comunicação.

Beatriz Bidarra

Serviço (Jornais):

Diário dos Campos. Editoria Variedades

Jornal da Manhã.Editoria Mix

Gazeta do Povo.Caderno G.

Tem 'coisa' nova no pedaço


O que seria a coisa? Segundo dicionário, Aurélio é um objeto ou ser inanimado, algo que existe ou pode existir, um negócio, um fato ou um acontecimento. Mas, na quinta-feira a coisa toma outro significado no Cine Rock Lounge Bar. A banda de rock 'A Coisa' é quem anima a noite no local.


Apesar de estar no circuito rockeiro ponta-grossense há pouco tempo, a banda já tem lugar fixo numa das casas de rock de maior movimento da cidade. 'A Coisa' tem a clássica formação do rock and roll: baixista, baterista, guitarrista e vocalista. O básico para se ter um som de qualidade.

Apesar do estilo da banda ser mais voltado para o hard rock, na quinta, dia 1º/10, o grupo mostrou versatilidade ao tocar uma mistura de rock com blues, com a participação do músico Nicolas Pedroso, da banda 'Novos Mallandros', num improviso de música instrumental.

O repertório da banda está repleto de canções consideradas clássicas dos anos 1960 e 70, como “Baby, please don't go”, do AC/DC, “My generation”, do The Who, e “Jumping Jack Flash”, do Rolling Stones. A abertura foi com a consagrada “Star me up”, também dos Rolling Stones.

A apresentação é cheia de energia, principalmente por parte do baterista e do vocalista. Os músicos não tocam simplesmente por tocar, pois sentem a música. O baterista precisou, inclusive, fazer alongamento nos intervalos do show, devido ao esforço físico empregado ao tocar a bateria.


Se a banda continuar nesse caminho, provavelmente em breve estará ao lado de outras bandas ponta-grossenses sempre lembradas pelo público rockeiro da cidade, como 'Tio Canca', 'Cadillac Dinossauro'$' e 'Garimpeiros da Lua'.

Nataniel Zanferrari

Serviço:

Banda A Coisa

Todas as quintas-feiras no Cine Rock Lounge Bar

Entrada: R$ 5,00


Uma tarde no embalo dos anos 1950






Quem entra no Lolla Caffè percebe que o ambiente lembra outra época. No balcão, quatro banquetas de estampa de bolinhas. Três mesas baixas e pequenos sofás. A personagem de Andrey Hepburn, do filme ‘Bonequinha de Luxo’, na parede. Tabuleiros de xadrez e damas. Revistas e livros relacionados com cultura e moda. A cafeteria rememora as lanchonetes americanas dos anos 50, as chamadas dinners.

O espaço do Lolla é limitado a cerca de 20 lugares, o que torna o ambiente aconchegante. A decoração retrô, as cores marcantes das paredes (verde claro e pink) e a música constante fazem do local um ponto de encontro de amigos, para conversas e lazer. Os jovens formam a maioria do público que frequenta o local.

Para lanches, o Lolla tem uma variedade pequena, como salgados e pavê de chocolate. O foco do estabelecimento está no café. O cardápio possui um grande número de opções de bebidas quentes e frias: capuccino, café mocha, vienense, expresso, irlandês. Os ingredientes de determinados cafés, como gengibre e paçoca, trazem um sabor diferenciado para a bebida.


O Café também realiza eventos culturais, como lançamentos de livros e o Bloomsday, comemoração ao feriado irlandês que homenageia o livro Ulisses, de James Joyce. Alguns domingos, o Lolla conta com a participação de DJs, o que anima o ambiente.

Giovana Celinski

Serviço:

Endereço: Rua XV de Novembro - em frente ao cartório

Funciona de segunda a sábado, das 9h às 20h e em domingos eventuais, a partir das 17 horas.

Telefone: 3025-2914

Fotos: Giovana Celinski

Corpo Estranho 'Identificado'



Na semana passada, a editoria 'Em Cena' apresentou o site 'Teatro para Alguém', que propõe veicular peças teatrais pela internet. Há um problema sobre a definição da arte. As peças ficam entre o teatro e o cinema. Mas, considerando a intenção do projeto, pode-se incluir tais produtos na editoria de teatro, como é o caso da presente crítica.


'Corpo Estranho', de Lourenço Mutarelli, conta a história de Patricha (Renata Jesion), mulher abandonada pelo marido e perturbada pelos passos do vizinho que a persegue. Para solucionar seus problemas, a protagonista recorre à amiga Guilda (Gilda Nomacce), mas acaba sendo vítima de uma conspiração.

Assim como nos romances do autor (O Cheiro do Ralo e O Natimorto), o tema mais evidente da obra é a solidão. O fato dos ruídos surgirem apenas quando Patricha está sozinha representa a angústia de estar na companhia do próprio ego. Vale ressaltar que os ruídos imitam os movimentos, ou seja, aparentam ser emitidos por ela mesma. São os ecos do seu vazio!

Ao buscar Guilda, Patricha, que sofre de corrimento, ganha um creme vaginal chamado Vaginex e é levada para o Bar dos Sósias, onde todos os frequentadores são sósias de alguém. Um trecho do poema Multidões, de Charles Baudelaire, sintetiza o sentido da cena: “(...) Multidão, solidão: termos iguais e conversíveis (...)”.

“Eu pensei que eu fosse a protagonista da minha vida, e no final o que é que eu sou? A duble!?”, pergunta a protagonista da peça ao supor ser só mais uma sósia. Patricha se envolve com vários homens estranhos, mas é o Vaginex quem a engravida, a engravida do seu próprio clone . Há algo mais solitário do que isso?


As personagens transitam por apenas dois cenários: o apartamento de Patricha e o Bar dos Sósias, a solidão e a multidão. A peça faz também uma sátira à grande mídia ao incluir uma conspiração no enredo e inserir risos programados em cenas de tensão.

Stiven de Souza

Nome: Corpo Estranho

Roteiro: Lourenço Mutarelli

Local: www.teatroparaalguem.com.br

Duração: 38 minutos (divididos em 14 episódios)

Direção: Danilo Solferini e Donizeti Mazonas

Elenco: Renata Jesion, Mauro Schames, Zemanuel Piñero, Gilda Nomacce
e Nilton Bicudo

Direção de fotografia: Marcelo Poveda e Ivan Marchini

Direção de arte: Nelson Kao

Créditos da primeira foto: Stiven de Souza

Créditos da segunda foto: http://culturautil.files.wordpress.com/2008/11/lourenco20mutarelli2022.jpg