O documentário ‘Nós que aqui estamos por vós esperamos’ (1998), de Marcelo Masagão, exibido no projeto ‘Tela Alternativa’ dia 12 de maio, no Cine-Teatro Ópera, se apresenta de uma maneira inovadora.
O filme é mais parecido com um poema do que propriamente com um documentário tradicional, que apresenta entrevistas e narrativas feitas com imagens próprias, pois é composto por fotos e cenas de arquivo. Masagão apresenta um produto (cinematográfico) em preto-e-branco, sobreposto com nomes, datas e frases, aludindo a pessoas que viveram no século XX e já morreram.
Para fazer jus à frase que abre o documentário, a proposta realmente apresenta “pequenas pessoas, grandes histórias; grandes pessoas, pequenas histórias”, ao relatar detalhes da vida de desconhecidos com a mesma ênfase dada às figuras de época. E, assim, mostra que, no final das contas, todos têm valor, independente de ser (publicamente) conhecidos ou não.
O diretor consegue amarrar alguns fatos que, aparentemente, não têm a menor ligação com outros. Um exemplo é o momento em que aparece a história de um alfaiate francês que queria voar, se jogando da Torre Eiffel, seguida das imagens da explosão do ônibus espacial Challenger. O principal limite do filme deve-se à apresentação de histórias de vida muito similares, deixandoo documentário repetitivo e cansativo.
Milena Rezende
Serviço:
Nós que aqui estamos, por vós esperamos
Direção: Marcelo Masagão
Duração: 73 minutos
Ano: 1998
Projeto Tela Alternativa
Local: Cine Teatro Ópera (Auditório B) – Rua VX de Novembro, 458
Entrada gratuita
O filme foi exibido no dia 12/05/2009. O projeto Tela Alternativa exibe filmes não comerciais, toda terça-feira.-, às 19:30 horas.
Coordenador do projeto Tela Alternativa: Antônio João Teixeira
Próximas atrações: Ônibus 174 – Direção de José Padilha (2002, 130 minutos) – dia /19/05. Jogo de cena - Direção de Eduardo Coutinho (2006, 107 minutos) – dia 26/05
Fotos: Divulgação
"Masagão apresenta um produto (cinematográfico) em preto-e-branco, sobreposto com nomes, datas e frases, aludindo a pessoas que viveram no século XX e já morreram"
ResponderExcluirSó um pequeno eqívoco. Nem todo o filme é em P&B. Algumas cenas como as do cemitério ou a do garimpo são coloridas.
Achei o filme bem ruim. O cara simplesmente faz colagem da imagem dos outros. Além do que o filme é bem cansativo. Até o Pedro Bial com o "Use filtro solar" faz melhor.
No original estava "a maioria em preto-e-branco" se não em engano. Devem ter editado.
ResponderExcluirFiquei com vontade de assistir ao filme, sempre ouvi falar bem dele,gostei da crítica.
ResponderExcluirO filme não é um documentário propriamente dito. Ele é considerado um pseudo-documentário porque algumas das histórias contadas ali são inventadas para dar um enredo ao filme. Mesmo essas histórias fictícias são críveis porque são histórias que "podem ter acontecido".
ResponderExcluirAlém disso, o documentário não mostra "pequenas pessoas, grandes histórias; grandes pessoas, pequenas histórias". Mostra que no fim, todos são iguais e todos vamos morrer um dia. Tendo sido grande ou não. Uma pessoa grande não tem uma história pequena. É uma generalização que ficou desnecessária no texto (além de pejorativa).
A intenção não foi fazer algo pejorativo. Pelo contrário, a frase está no próprio filme. Só pra esclarecer, tentamos com essa frase a mensagem de que o documentário apresenta as pequenas histórias dos grandes personagens (detalhes tidos como "insignificantes" da vida de Hitler, por exemplo) e grandes histórias de pequenos personagens (toda a vida do João da Silva ou do John Smith), e não dizer que a vida de alguém é maior da que de outra pessoa. Inclusive a intenção do filme é mesmo essa que o Diego disse: mostrar que, sendo considerado "importante" ou não para os vivos, todos vamos morrer e nos tornar iguais um dia.
ResponderExcluirAh é... nem lembrava que tinha essa frase no filme =P
ResponderExcluirVi tem anos....
"Nós que aqui estamos por vós esperamos" é uma tentativa de poetizar o século XX. Não se encaixa exatamente no gênero de documentário (talvez cinema experimental? não sei). O diretor conseguiu resumir 100 anos de uma importante fase da história ocidental. O mérito dele está na representação da "grande história" em curtos fragmentos de videos - alguns deles aparentemente bem raros. Semióticamente falarando (rs), Masagão deixa transparecer as vezes um pouco da sua visão política nesse doc. A crítica ficou boa, resumiu bem o que traz essa produção.
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