15 de maio de 2009

Uma história além da 'frieza' dos fatos


Ao ler “Ponta Grossa – Um século de vida(1823-1923)” a sensação é a mesma de passear pelo centro da cidade e avistar casas com arquitetura clássica. Sensação de estar caminhando no século passado.

O livro da professora Elisabete Alves Pinto, em parceria com a professora Maria Aparecida Cezar Gonçalves, mostra como Ponta Grossa passou rapidamente de Freguesia e Paróquia, então pertencente a Vila de Castro, para o município mais importante do interior do Paraná, em 1923.



Através de um estudo baseado em documentos oficiais, religiosos e civis, a obra ilustra uma cidade que se desenvolveu devido fundamentalmente ao seu potencial produtivo. O primeiro capítulo do livro destaca as condições do Bairro ponta-grossense, situado no Caminho do Viamão. A partir daí, o livro destaca o porquê de se tornar um ponto de parada obrigatória para as tropas do extremo sul do País transportarem seus produtos para São Paulo e, especialmente, Minas Gerais.

No segundo capítulo as autoras dedicam-se ao estudo das atividades econômicas da época. O trabalho aponta a pecuária como a primeira fonte de renda dos habitantes. Porém, com o crescimento populacional, logo a erva mate se torna a principal fonte de lucros do município. Oportuno observar, na época, a forma como a construção das estradas de ferro Paraná e São Paulo–Rio Grande do Sul afeta o desenvolvimento da cidade.

Contudo, a obra apresenta uma singularidade no modo de narrar os fatos. Ao contrário de muitos livros de história, 'Ponta Grossa – Um século de Vida' faz uma narração quente ao destacar os pioneiros do município, indicando as famílias que, por meio de empreendimentos comerciais e culturais, fizeram com que Ponta Grossa se tornasse a cidade mais importante do Paraná em 1923. Destaca-se, aí, o momento em que o livro dá voz a Epaminondas Holzmann, grande incentivador da música em Ponta Grossa.



No entanto, a última parte, dividida em 3 tópicos (População, Movimento Populacional e Imigrantes), carece da mesma narração “quente” (que marca boa parte do livro) e, com um excesso de tabelas, acaba caindo na frieza da indicadores e dados demográficos. O leitor encontra, ainda, alguns erros ortográficos na edição, mas nada que comprometa o conteúdo do texto.



Stiven de Souza


Serviços:

Título: Ponta Grossa – Um Século de Vida (1823 – 1923)

Autoras: Elizabete Alves Pinto e Maria Aparecida Cezar Gonçalves

Editora: Kugler Artes Gráficas Ltda

Ano: 1983

Onde encontrar: Biblioteca Central (UEPG), código: 981.62, P659

Fotos: Stiven de Souza

3 comentários:

  1. "A partir daí, o livro destaca o porquê de se tornar um ponto de parada obrigatória para as tropas do extremo sul do País transportarem seus produtos para São Paulo e, especialmente, Minas Gerais."

    O livro se tornou um ponto de parada obrigatória para as tropas?

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  2. O que é uma narrativa "quente"? (Com ou sem aspas?)

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  3. Acho que o autor quis dizer que a narrativa é "quente"/quente ao destacar os pioneiros do município. Quando foge dos números, das estatísticas, das tabelas, etc, o texto se torna mais íntimo ao leitor, mais próximo. Dessa proximidade surge um atrito que torna a leitura (e, em consequência, o texto) calorosa.
    Um texto que fala de humanos, e não de números. Um texto que, "dando voz" a outra pessoa (e não a uma tabela), tem o mesmo efeito de um diálogo descontraído.

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