23 de outubro de 2009

Boa interpretação (cinematográfica) não salva a produção



Meryl Streep. Philip Seymour Hoffman. 5 indicações ao Oscar. Considerado um dos melhores filmes de 2008. Só podia ser excelente. Mas talvez tenha faltado sensibilidade, a esta crítica para não gostar de “Dúvida”. A história do filme se passa num colégio católico, onde o mais novo padre começa a dar o que é considerado atenção demais ao primeiro aluno negro do colégio. Tal relação começa, então, a despertar dúvidas na irmã interpretada por Meryl Streep.

A irmã Aloysius Beauvier (Meryl Streep) é interpretada de maneira espetacular pela atriz. Ela deixa até o espectador com medo das suas ‘mãos de aço’. A irmã Aloysius dirige a escola com uma disciplina extremamente rígida e dura, enquanto que o padre Flynn (Philip S. Hoffman) chega ao colégio com a intenção de suavizar algumas regras. Integrando a história, a inocente freira James (Amy Adams) é quem começa a desconfiar do padre Flynn.

A polêmica envolvendo igreja e pedofilia desperta a atenção. Mas a maneira que o diretor John Patrick Shanley aborda a questão deixa a desejar. Nada fica explícito na trama, o tempo todo Meryl Streep blefa com padre Flynn na intenção de fazê-lo confessar. E essa constatação nunca vem. O filme termina com o espectador na dúvida.

Em compensação, a irmã Aloysius demonstra o filme todo ter certeza absoluta da culpa do padre. Essa certeza aliada à magnífica interpretação da atriz leva o espectador a concordar com ela. Mas o filme termina com uma revelação da irmã: “Eu tenho dúvidas! Eu tenho tantas dúvidas...” E assim, o diretor humaniza a personagem no último instante. Só não deixa claro se as dúvidas estavam relacionadas ao caso do padre, ou dúvidas com relação à vida de uma maneira geral.

Mariana Galvão

SERVIÇO:
Dúvida (Doubt)

EUA 2008

Duração 105 minutos

Direção – John Patrick Shanley

Elenco – Meryl Streep (irmã Aloysius Beauvier), Philip S. Hoffman (padre Brendan Flynn), Amy Adams (irmã James).

Disponível: Locadora 100%vídeo.

R. Benjamin Constant s/n. Próxima ao Supermercado Muffato.

Fotos: divulgação

Um comentário:

  1. e por que o diretor deveria deixar claro ao final? Acho que justamente o caráter insinuante da narrativa (e nunca taxativo) é o motivo principal do filme - nada se mostra por completo, ao contrário do que cobranças e formatos mais 'realistas' exigem.

    ResponderExcluir