'Corpo Estranho', de Lourenço Mutarelli, conta a história de Patricha (Renata Jesion), mulher abandonada pelo marido e perturbada pelos passos do vizinho que a persegue. Para solucionar seus problemas, a protagonista recorre à amiga Guilda (Gilda Nomacce), mas acaba sendo vítima de uma conspiração.
Assim como nos romances do autor (O Cheiro do Ralo e O Natimorto), o tema mais evidente da obra é a solidão. O fato dos ruídos surgirem apenas quando Patricha está sozinha representa a angústia de estar na companhia do próprio ego. Vale ressaltar que os ruídos imitam os movimentos, ou seja, aparentam ser emitidos por ela mesma. São os ecos do seu vazio!
Ao buscar Guilda, Patricha, que sofre de corrimento, ganha um creme vaginal chamado Vaginex e é levada para o Bar dos Sósias, onde todos os frequentadores são sósias de alguém. Um trecho do poema Multidões, de Charles Baudelaire, sintetiza o sentido da cena: “(...) Multidão, solidão: termos iguais e conversíveis (...)”.
“Eu pensei que eu fosse a protagonista da minha vida, e no final o que é que eu sou? A duble!?”, pergunta a protagonista da peça ao supor ser só mais uma sósia. Patricha se envolve com vários homens estranhos, mas é o Vaginex quem a engravida, a engravida do seu próprio clone . Há algo mais solitário do que isso?
As personagens transitam por apenas dois cenários: o apartamento de Patricha e o Bar dos Sósias, a solidão e a multidão. A peça faz também uma sátira à grande mídia ao incluir uma conspiração no enredo e inserir risos programados em cenas de tensão.
Stiven de Souza
Nome: Corpo Estranho
Roteiro: Lourenço Mutarelli
Local: www.teatroparaalguem.com.br
Duração: 38 minutos (divididos em 14 episódios)
Direção: Danilo Solferini e Donizeti Mazonas
Elenco: Renata Jesion, Mauro Schames, Zemanuel Piñero, Gilda Nomacce
e Nilton Bicudo
Direção de fotografia: Marcelo Poveda e Ivan Marchini
Direção de arte: Nelson Kao
Créditos da primeira foto: Stiven de Souza
Créditos da segunda foto: http://culturautil.files.
Nenhum comentário:
Postar um comentário